No Sopé da Montanha o Arbusto Verga mas não Quebra

Todas as Descrições são Pecaminosas

segunda-feira, julho 31, 2006

Abraços

gestos que sincronizam os meus,
Olhares que aos meus sorriem,
vozes que me acarinham
Beijos mil vezes sonhados
por mares sem fim distanciados
Em nós outros mares existem
Bem mais difíceis de navegar
Nosso encontro foi mágico
fusão de almas, seres enlaçados
No abraço há muito ansiado
E no último olhar confimámos
Não haver mares que nos afastem
certas estarmos do nosso lugar
Companhias de viagens
Não mais nos vamos isolar
E a jornada partilhar
1/8/06

quarta-feira, julho 12, 2006

Palavras


As palavras não são nossas
As palavras não são minhas
As palavras não são tuas
As palavras são universais
As palavras de toda a gente são
As palavras não são objectivas
As palavras são obtusas, subjectivas
As palavras pouco ou nada revelam
As palavras dizem tudo e não dizem nada
Com palavras apenas se constrói uma torre de Babel
Com palavras não se dá a mão a um amigo
Com palavras não se faz um carinho
Com palavras não se dá um abraço
Com palavras apenas se cria ilusão
Com palavras ficamos atordoados
e o mundo afigurase-nos
um grande não
12/7/06

sexta-feira, julho 07, 2006

Des (sencontros)

Houve um tempo em que havia um nós
De palavras não precisavámos
Para afagos e aconchegos
Os olhares eram o bastante

Hoje entre nós há mais
Os olhares se cruzam por muitos mais
Trazem e expressam mágoas caladas
Mágoas superfúlas
7/7/06

quinta-feira, julho 06, 2006

Doutores

Entre os doutores estive
vestidinhos a rigor
Fato e gravata
Cada um o mais puxadinho
dos seus galões possivéis
Muita era a magnificiência
mas no meio de tanta aparencia
Não dei conta de qualquer ciência
Ouvido à escuta, só me apercebi de nulidades
Daquelas bocas, daquelas cabeças pensantes
Nenhuma se aproveitava
e nada se aprendia
Tempos houve em que
escutar era aprender
abria-se a boca para algo ensinar
Hoje
Abre-se a boca para se mostar oratória
Mostrar que se sabe-la toda
Mais valia boca fechada não entrava ... nem saía asneira
Tal era a pobreza de espiríto, de cultura e falta de trabalho de casa
Santa ignorância
tamanha magnificiência
7/7/06

quarta-feira, julho 05, 2006

Palhaço da Vida


Rio, sorriu, espelho felicidade
Mas é tanta a vontade de chorar ...
Sinto a alma esfragalhada
ferida que não sara nunca.
Para quando, o fim deste flagelo?
Traição, humilhação, mágoa calada
E no entanto evidencio
uma fortaleza, um rochedo
Tão longe de serem tão fimes
caio
ergo-me
vacilo
vergo-me
para não quebrar
Tanta é a vontade de chorar
Receio não mais parar
Tenho fome, sede, frio
e bastante seria apenas
uma migalhas
de afecto que saciarião
minha fome, minha sede,
minha dor de morrer
Que faço
Que diferença
Entre estar viva ou morta?
Por mais que te acarinhe
Por mais que eu sorria
Por mais que te queira
Por mais que te anime
Por mais que te ame
Nunca pararás para pensar em mim !
O hábito faz com que eu esteja sempre para ti
5/7/06