No Sopé da Montanha o Arbusto Verga mas não Quebra

Todas as Descrições são Pecaminosas

quinta-feira, outubro 27, 2005

Desencontros

Na moita à coca espreitas
Fracasso meu anseias
Leio-o no olhar
Com que me rodeias

Pudesse eu partir
Para não ser tua sombra
Pudesses brilhar por mim
Para que vivesses por ti

Talvez imagines Sóis
Em luas crescentes
Ilusão são sementes
Não o que sentes

Vês-me teu inimigo
Juro-te,
Não é esse o meu destino

sexta-feira, outubro 21, 2005

Um Amigo

Um amigo é
aquele que nos permite sermos nós próprios

Mas o amigo também é aquele que se afasta

A não presença sendo um mal necessário é um bem
Não aprisiona para não sufocar
Afasta para não magoar

terça-feira, outubro 18, 2005

Máscaras

Somos o que queremos que os outros pensem o que somos, até o dia em que as máscaras uma a uma vão caindo.
O castelo que fazemos de nós mesmos, a pouco e pouco vai caindo e o que fica é a nossa verdadeira essencia: seres feios e maldosos, ressentidos e senão mesmo invejosos

sexta-feira, outubro 14, 2005

Os Nossos Entes Queridos

A morte dos nossos entes queridos

Não é apenas
o nosso mundo
as nossas relações
a nossa afectividade
As vozes do nosso coração
Que afunilando vão

É também
rostos caras desfocadas
memórias extremadas
mundividências apagadas
recordações nubladas

É ainda
Os jardins da nossa infância
em desertos transformados
Roseirais depenados
Gestos, sorrisos idos
Afectos brumas feitos

A morte dos nossos entes queridos vem nos à memória retalhos de Nós

A morte dos nossos entes queridos levam pedaços de Nós

terça-feira, outubro 04, 2005

Farol

Momentos há para tudo
Nascer
Viver
Morrer
E nas curvas da Vida
Entender o impossível
Aceitar o inconcebível
Assim é o Ser humano

Mas se lhe negam o norte
é um desatino
um acéfalo seria
o mais parecido

domingo, outubro 02, 2005

Crescer


Crescer

Cada partida é um parto
O mesmo choro,
O mesmo grito
O mesmo espanto
O mesmo medo
Do ar que se respira
Do cordão umbical que se corta
Do Eu que se afirma ao nós

Cada partida é um crescimento
Os primeiros passos
Os primeiros sorrisos
As primeiras palavras

Cada partida é um voo
Um degrau de uma escada
íngreme que se sobe
degrau a degrau

No primeiro
ainda te vejo por inteira
Ainda somos eu e tu

No segundo
Já só vejo tronco e membros
Ainda somos nós

No terceiro
Desaparecestes, já voaste
Definitivamente és tu

O Casulo há muito para trás ficou
Reminiscência de um útero que se findou
Que se desmembrou Uno se afirmou

É tempo
De crescer
Voar
Amadurecer
Viver